sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Outra vontade

A vontade, quando excede o limite de ser,
acaba por tornar-se desejo involuntário, desatino.
A vontade, quando excede a racionalidade,
acaba por transgredir o sentimento à maneira mais primitiva.
A vontade move moinhos, ergue histórias e destrói vidas.
É do homem a vontade.
É do homem à vontade.
O destino da vontade é morrer.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

E eu...

Eu que sinto esse vazio no peito
que só eu sei o doer que causa.
Eu que sinto que não terei
tão cedo aquilo que almejo
com a alma, com o corpo e o olhos.

Eu que vejo tão longe o desejo.
Eu que sinto de perto o calor,
o frio, o suor e o tremor.

Eu que vejo os abraços gastos e os beijos
recheados de um tesão que vem do estômago
sem respeito, sem pudor.

Eu que sou um círcular quadrado
que não se encaixa em lugar algum
nessa brincadeira de encaixar.

Eu que não sei o motivo de gostar
e menos ainda, o motivo de não querer gostar.
E gostar mais.

Eu que vagueio na beira das águas
e sinto o sal no rosto que não vem do mar.
As espumas brancas que afundam meus pés,
elas pesam.

E eu que não sinto mais. E eu que não vejo mais.
E eu que só quero estar onde você já não pode.
Eu que não sei nem mais o gosto,
o gozo e a direção.