terça-feira, 29 de junho de 2010

Boomerangue

Na calada da noite
chega mudo, mole
De dengo
De cheiro

Parece que vem sempre
Parece que vai ficar
Mas vai

Sempre.

Aí volta.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Pra sambar e rimar

Se eu subir, você desce
A ladeira do samba
Na cadência de bamba
Com a sacola na mão

Se eu subir, você desce
De cima da cama
Com o corpo em chama
E estilhaços no chão

Se eu chegar, você sai
Sai de dentro de casa
Com o vento na cara
E o poder da razão

Se eu pedir você dá
Um abraço pecado
Um encontro marcado
Com cheiro de mato
Segurando a paixão

terça-feira, 1 de junho de 2010

Clarear



Quando eu tenho medo, eu tenho medo mesmo. Sou daquelas que fica tremendo, suando, que o corpo trava todo numa situação de "perigo". Quer dizer, nem sempre. Às vezes eu corro. Corro muito! E é incrível como esta é uma das pouquíssimas coisas que me fazem correr de verdade, feito gente: medo.

É, eu não sei correr. Como assim não sabe correr? Não sabendo, ora! Pareço uma idiota correndo...toda torta, sem coordenação e pesada. Até arrisco uma corridinha pra me exercitar, mas só. Não me peça pra ir correndo até ali ou pra correr na direção de alguém. Não, ogrigada. Eu prefiro andar muito rápido.

Bem, voltando ao medo, são tantas as coisas que me assustam que eu não sei nem contar. A mais, digamos assim, conhecida de todas (e por todos) é meu pânico enlouquecedor de ficar sozinha no escuro. Eu acho estranho ouvir os relatos de quem adora ficar no escuro, que ajuda a pensar na vida, que é tranquilo...há quem vá além da razão e que ainda arrisque dizer que no escuro a gente consegue se ver melhor, por dentro.

No meu caso, se o que eu vejo e sinto no escuro for o que sou por dentro, DEUS ME LIVRE! TENHA MEDO DE MIM! Só se eu for irritante, desconfortável e terrivelmente assustadora. Porque é exatamente assim que me sinto nas trevas: EM TREVAS.

E eu não estaria aqui falando sobre medo se não fosse a noite de ontem. Ter mais de um pesadelo na mesma noite deveria ser proibido por lei. E o pior é que todos envolviam dois dos meus temores que mais deveriam permanecer intocados: solidão e escuridão.

A cada vez que eu acordava e me dava conta de que aquilo não era verdade, sentia um alívio. Rezei pra não sonhar de novo e não sonhei. Ao menos não o mesmo sonho, mas outros tão ruins quanto o primeiro. Mudava o lugar, o momento, a situação e as pessoas envolvidas, mas tudo sempre girava em torno de abandono e eu acabava sozinha no escuro sempre. Sempre.

Oxe! Eu vou é clarear meu dia.