quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O compasso do peito

Que rufem os tambores!
Eis o coração que bate descompassado
atrás do afinado batuque do outro.
Eis o coração exposto aos zique-zagues
na avenida dos sonhos e pesadelos.

Que entrem os músicos!
Começa agora a canção
do fim de mim, da nossa história.
Era uma canção pequena e sem valor,
mas era o maior dos meus tesouros.

Que mudem a música!
A gente aprende a dançar
ritmos diferentes no decorrer da vida.
Eu aprendi a cantar com você
e agora és tu quem desafina meus acordes,
quem me faz perder o fôlego.

Que aumentem os agudos!
E assim apaga-se a minha voz grave,
o meu sussurro sonoro aos teus ouvidos.
O sussurro que é só teu, meu eu.

Ah! Que deixem tocar nas cordas do meu peito
essa incerteza de não mais amar você!
Eu agora não consigo ouvir
a música que guia o sabor das coisas.

Que encerrem a canção
e não hajam aplausos.
É fim de show,
que abram as cortinas!
Acabou-se nós enfim.
Eu comecei, então.